sábado, 12 de setembro de 2009

A Evolução do Saber e a Conjugação dos Terapias

O ser humano é complexo, não é apenas um corpo com cabeça tronco e membros, nem é apenas um computador-cérbero que tudo regista analisa decide e comanda, não é apenas emoção nem é apenas luz nem apenas trevas.
Com a especialização do conhecimento podemos ter que consultar vários médicos se nos doi a boca - uma parte pertence ao otorrinolaringologista, outra ao estomatologista... e em alguns casos podemos ser reenviados para o especialista em dor crónica ou para o psiquiatra se não há causa física para o mal...
Do que conheço e das quantidades de fármacos consumidos verifica-se que a maioria dos diagnósticos de depressão são efectuados pelo médico de família, o que faz sentido. No entanto, estes limitam-se a receitar sucessivamente os antidepressivos e os ansiolíticos sem curar de indagar totalmente a causa da depressão ou a ajudar o doente a enfrentá-la. Em regra não têm conhecimentos suficientes para esse acompanhamento psicológico e muito menos tempo, atenta a lista de doentes para atender e em espera. Só um ou outro será encaminhado para um especialista dentro do SNS e aqueles que têm posses para o sistema privado. O que é ainda mais paradoxal é que não são todos os especialistas, em regra Psiquiatras, que se disponibilizam para uma indagação férrea das causas da depressão e para a sua terapia com o doente. Muitos fazem meia dúzia de perguntas para catalogar o deprimido e a prescrição química que vão adaptando as doses à resposta do paciente ( com quanto consegue dormir, com quanto consegue levantar-se de manhã )... e a causa permanece.
Ainda há em Portugal Psiquiatras completamente avessos à Psicoterapia, coisa que não lemos em diversos trabalhos de Psiquiatras americanos que estão publicados em Portugal e que fazem desta a base da sua terapia, ainda que conjugada em muitos casos com fármacos...
Em Portugal são poucos os Psicoterapeutas que constam da lista oficial.
Existem o dobro de profissionais a actuar nesta área, com páginas na Net e outra publicidade, mas que oficialmente não são reconhecidos até porque recorrem a terapias não-convencionais. Há muitas pessoas qualificadas e dedicadas com provas dadas, mas há que acautelar porque em todo lado espreitam os charlatões!
Em qualquer dos casos a Psicoterapia, que pode durar anos em sessões em regra semanais, só é acessível ao topo económico da população! Os que a experimentam, em regra sentem que provavelmente aquele era o caminho da cura ou pelo menos de uma melhor qualidade de vida...
A depressão debilita todo o organismo e não é raro o paciente andar em tratamento noutras especialidades... Mas não há qualquer cruzamento de dados entre eles, nem com o seu Psiquiatra - e raro será o Psiquiatra olhar para exames ou análises que lhe queira mostrar...
Valia a pena avaliar esta falta de diálogo entre os especialistas, porque o doente é um ser humano complexo.
Tal como valia a pena a Psiquiatria conhecer outras terapias para as avaliar e, quem sabe, complementarem-se... Temo aqueles que se fecham sobre o seu próprio conhecimento, estagnando-o. Aliás tal postura é uma negação da ciência que nunca se satisfaz com o que já sabe...

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Livros cuja leitura recomendo

  • Sexo e Amor, de Francesco Alberoni, Bertrand Editora
  • Recriar o Seu Ser, Neale Donald Walsch
  • O Profeta, Khalil Gibran
  • O Poder do Agora, Eckhart Tolle, Pergaminho
  • O Feminino Reencontrado, de Nathalie Durel, Ariana Editora
  • O Cavaleiro da Armadura Enferrujada, de Robert Fisher, Editorial Presença
  • O Caminho Menos Percorrido, de M. Scott PecK, colecção xix
  • As Vozes de Marraquexe, Elias Canetti

Depressão - quando como porquê...

A criação deste Blog advém de, ao longo de vários anos, ter percepcionado que em Portugal esta doença é quase tabu; envolvida pela vergonha de quem padece e pelo desconhecimento político da sua real dimensão e implicações, bem como das respostas existentes para o seu tratamento... Apenas pretendo abrir um espaço para a interrogação a denúncia a informação... Talvez dessa troca de ideias resulte benefício para alguém ( doente, familiar, amigo... ) como, por exemplo, a identificação do seu sofrimento, o início da compreensão e da aceitação da depressão como doença, um incentivo para a procura de mais conhecimentos, um incentivo para predir ajuda na sua cura ou na melhor qualidade de vida, ou o renovar da esperança perdida... Bem hajam! os que quiserem e não tiverem medo ou vergonhar de comentar: criticar, sugerir, informar, questionar, contar, interrogar-se, lamentar-se...