Quando iniciei este blog, quando depois iniciei uma página no Facebook e mesmo antes apenas ambicionava um psiquiatra ou um psicólogo que me diagnosticasse correctamente e com um medicamento ou com uma terapia me ajudasse a sobreviver com menos sofrimento psiquico e físico e a conseguir, ao menos, ser uma boa mãe, esposa e profissional...
Nem isto encontrava por mais que procurasse psicólogo, mudasse de psiquiatra, experimentasse medicação, gastasse horas na FNAC do Porto e Coimbra e na Bertrand de Coimbra em leitura de livros de psicologia psiquiatria, auto-ajuda, até ser expulsa pelo horário de encerramento... Não havia como hoje tanta informação disponível na Internet e o deflagar da minha Depressão foi muito anterior à era digital.
Nessa altura acreditava que algures haveria um técnico, psiquiatra ou psicologo, que se tudo lhe contasse conseguiria entender. Mas quem- o Dr. Amaral Dias em Lisboa que por uma consulta cobrava mais de 200 euros e mais as viagens e faltas ao trabalho não justificadas e quantas sessões seriam necessárias para falar de tudo e então poder começar um caminho curativo?! Não tinha esse dinheiro, nem autorização para faltar sem atestado de doença do médico de família e no meu trabalho, conhecidos e hierarquia seria lançado à luz do dia uma suspeita escura e dificil de descartar sobre a minha prestação profissional dificil ou mesmo impossível de arrancar- ela não está a regular bem da cabeça, como atribuir-lhe cargos de responsabilidade, ou valorizar o seu trabalho sem dúvida de premeio?!...
Assim era e foi que durante décadas e há custa de ser catologada como tendo uma Distimia com períodos de depressão grave, só já desejava encontrar uma forma de por de parte sectores da minha vida e conseguir ajuda para suportar o sofrimento e conseguir continuar a acompanhar os meus filhos se de mim precisassem e conseguir dar apoio aos meus pais um dia quando fosse necessário!
Vejo que durante décadas nem sequer admiti que a minha situação era curável, sentia desde sempre e sempre me sentia culpada perante os outros por me sentir assim.
Dizia que tinha tudo pais, filhos, casa, marido, trabalho e também tinha uma depressão, sentia minha, fazendo parte de mim, pois nem me lembrava de ser de outra forma... A única coisa que sabia é que em certos momentos da minha vida em certas circunstâncias me sentia bem como se toda a depressão desaparecesse.
Recebi diagnósticos psiquiátricos de que a minha depressão era incurável, crónica e para sempre com altos e baixos.
Sempre me pareceu algo frio e matemático, estatistico até, mas não reconhecia a quem mo dizia a capacidade de fazer tal prognose pois nem usavam todo o que era conhecido ou testado a nível de substâncias e nunca se atentavam a cavar mais fundo do que lhes dizia e alguns até encolhiam os ombros, isso é cultural, isso já passou, mas até teve êxito... pois para o rasgo incandescente não tinham tempo.
Pois depois de tanto perder- casa, relacionamentos....-.hoje afirmo que não acredito mais que a minha Depressão seja incurável!
Sei onde começou, o que a provocou e condicionou, como os meus ideais e medos contribuiram para ela, como o sacrificio não faz sentido, como não me faz falta o amor de ninguém mas devo procurar o meu... Sei que tenho qualidades, mesmo que ninguém me ame sou merecedora e digna de amor, procurei por caminhos tortos sim quando não havia resposta dos que escolhera...
Ninguém deve ser obrigado a suportar uma relação com uma pessoa com depressão porque é muito difícil e ninguém tem preparação para isso, mas quem deseje aprender e ajudar fará toda a diferença na vida da outra pessoa...
No entanto a verdeira jornada tem que ser feita por quem está doente com a ajuda técnica, numa entrega total de mudança por mais que doa é o único caminho. E hoje já não quero apenas sobreviver. Falta pouco, para que queira reivindicar o que até aqui da vida não usufrui.