domingo, 12 de junho de 2011

Desesperança e Esperança

Chamei a este blog Desesperança porque esta é uma característica comum dos portadores da doença e este blog visa a divulgação da doença com vista a transmitir alguma informação útil, à prevenção e ao fim do preconceito e estigma que ainda provoca.
Mas também, daí decorre, que visa transmitir Esperança.
Não a fantasia da cura fácil ou da cura certa.
Muitas das depressões não têm ainda cura. As depressões não são todas iguais desde logo porque as pessoas não são todas iguais nos seus organismos físicos nas suas vivências nos seus antecedentes genéticos ou familiares etc e porque a depressão pode advir de causas muito diferentes e ainda porque o seu tratamento poder-se-à iniciar de modo atempado e correcto, de modo incorrecto ou depois de decorrido muito tempo sobre a sua instalação no doente, ser muito apoiada por familiares e amigos ou muito mal compreendida...
Transmitir esperança, para mim, consiste em sabermos que algo pode sempre ser feito e que, pelo menos, melhorar é sempre possível, mesmo que já nada tenha interesse nem o próprio destino... Nomeadamente as dores podem ser aliviadas com medicação, a qualidade de vida pode melhorar mesmo que não volte a ser o que já foi... O importante é que cada um tente encontrar o seu caminho de auto-conhecimento, tentar perceber como é que se chegou a esse estado, o porquê.
A depressão poderá ser um meio de grande aprendizagem de nós próprios, dos outros, dos seus muitos defeitos e qualidades, mas também dos defeitos que não queremos ver em nós próprios e do que somos e temos de bom e não estamos a valorizar. Este é um caminho árduo, doloroso, longo, extenuante mas só quando algo é difícil atingir a meta tem mérito e dá a verdadeira felicidade... Nesse caminho haverá quedas, desalentos, dúvidas mas eu costumo dizer que quanto mais fundo for a minha queda mais alto de irei levantar.
Quanto às dúvidas lembro que Madre Teresa de Calcutá com todo o seu percurso de humanidade e devoção ao seu Deus, disse, algum tempo antes de morrer, que continuava a ter dúvidas sobre a existência de Deus. A dúvida faz parte de nós, da nossa capacidade de raciocínio e de interrogação, pode levar-nos a a substituir um caminho por outro. Só posso dizer que é sempre possível melhorar, sempre desde que não se desista de tudo. Mesmo quando não vemos uma luz ao fundo do túnel ela existe, nenhum túnel é infinito por mais comprido que seja. Não ignore o Sol é uma luz de vida maravilhosa que nasce todos os dias, mesmo que o não vejamos ele está lá, o mesmo acontece com a luz do nosso caminho interior.  

2 comentários:

  1. (...)"nenhum túnel é infinito por mais comprido que seja"(...)"quanto mais fundo for a minha queda mais alto de irei levantar"(...).
    Está tudo dito nestas frases de Esperança. Acrescento apenas que conseguimos superar as adversidades de acordo com o rigor com que fizermos a introspecção.
    Somos aquilo com que nascemos, o que fizeram de nós, o que deixámos que nos fizessem e o que efectivamente queremos ser. Seremos tanto mais felizes e seguros quanto mais soubermos lidar com estas certezas que ajudam a construir a nossa personalidade e a instruir o nosso pensamento.
    Obrigada pela companhia neste cantinho de ler e escrever para nos "melhorarmos" :-).

    Marina Seroto

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  2. É bom ler (e sentir) a esperança.
    Em tempos comentei, num blog sobre o mesmo tema, da seguinte forma: « Na longa maratona da vida, muitas vezes corremos com outros "atletas" indesejados... a "depressão", "ataques de pânico", "ansiedade"... são alguns deles!... Pelo trajecto, muitas vezes, eles tomam a nossa dianteira e parecem que nos vão vencer. Nessas ocasiões, em vez de desistirmos, há que redobrar as nossas forças e não os deixar fugir... mantendo-os sob a nossa vista para que pouco a pouco recuperemos do avanço que eles nos levam. E, sempre que possível, devemos igualmente desferir os nossos ataques e deixá-los para trás. Não devemos ter ilusões... eles também nunca desistem. Mas o nosso principal objectivo é mantê-los lá longe... atrás de nós

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  • O Caminho Menos Percorrido, de M. Scott PecK, colecção xix
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Depressão - quando como porquê...

A criação deste Blog advém de, ao longo de vários anos, ter percepcionado que em Portugal esta doença é quase tabu; envolvida pela vergonha de quem padece e pelo desconhecimento político da sua real dimensão e implicações, bem como das respostas existentes para o seu tratamento... Apenas pretendo abrir um espaço para a interrogação a denúncia a informação... Talvez dessa troca de ideias resulte benefício para alguém ( doente, familiar, amigo... ) como, por exemplo, a identificação do seu sofrimento, o início da compreensão e da aceitação da depressão como doença, um incentivo para a procura de mais conhecimentos, um incentivo para predir ajuda na sua cura ou na melhor qualidade de vida, ou o renovar da esperança perdida... Bem hajam! os que quiserem e não tiverem medo ou vergonhar de comentar: criticar, sugerir, informar, questionar, contar, interrogar-se, lamentar-se...