quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O Vazio

"Não sei se a falta é no corpo no espírito na matéria na alma, se é que tudo isso tenho, não é de lugar nem de pessoa nem de coisa nenhuma.
Falta que enchia de chuva de sol da labareda do lume do fumo de papoilas amoras de pão de pão… e nada me preenchia… Será de abraço colo mimo, de quem partiu, que perto existe e longe procuro, do infinito, se me quero infeliz e inconformada..."


Este sentimento de vazio acompanha provavelmente alguém nosso conhecido, ou até nosso amigo.
Será que não podemos contribuir para ajudar a preencher este vazio?...

1 comentário:

  1. Hoje foi um dia estranho. Logo de manhã comecei por me comover intensamente com um sentido comentário que transmitia, numa escrita absolutamente límpida e perfeita, uma sofrida experiência, uma sensibilidade capaz de exprimir todo o sofrimento e toda a saudade vivida num difícil momento da vida. Depois vieram dizer da morte de alguém que conhecia desde a juventude, que via regularmente nas andanças pelos livros e filmes e e conferências. È doloroso, é profunda e terrivelmente doloroso ter que reconhecer que a morte vem e leva quem ainda podia percorrer uma longa estrada, saber que a inevitabilidade desse destino nos vai levando os rostos conhecidos, os momentos de uma narrativa que conhecemos, ou que presenciámos, essas encruzilhadas em que diferentes vidas se cruzaram.
    O olhar da criança que ficou tinha aquele vazio, aquele desmoronar, aquela silenciosa interrogação que se lança não sei a quem, nem a quê. Aquele olhar tinha tudo o que já senti, tinha esse silencioso grito amarrado na garganta e a doer no céu-da-boca – um espigão de ferro, um corpo que se desfaz.
    Agora regresso às minhas paisagens, desdobro as imagens e reconstruo-as só para reiniciar as minhas viagens de séculos, a minha imperiosa e necessária vontade de seguir por estradas e mundos e espaços. Esse mundo de silêncio a desenhar a liberdade e os horizontes – o mar, os mares, toda as guerrilhas, os trilhos das florestas, o gesto de deixar para trás não importa quem… Só a entrega a esses espaços, só essas partidas constituem a verdadeira identidade. Em todos os momentos que ficar por aqui hei-de guardar a saudade dos caminhos, de um mundo a tornar-se sempre e cada vez maior. Ainda que houvesse quem sentisse o rumor das lágrimas contidas, ainda que tivesse colhido um ou outro sorriso daqueles que são verdadeiramente cristalinos e autênticos, que nos são dados como borboletas a procurar a Primavera, sorrisos que se guardam com gestos de quem colhe flores invisíveis
    M.

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  • O Profeta, Khalil Gibran
  • O Poder do Agora, Eckhart Tolle, Pergaminho
  • O Feminino Reencontrado, de Nathalie Durel, Ariana Editora
  • O Cavaleiro da Armadura Enferrujada, de Robert Fisher, Editorial Presença
  • O Caminho Menos Percorrido, de M. Scott PecK, colecção xix
  • As Vozes de Marraquexe, Elias Canetti

Depressão - quando como porquê...

A criação deste Blog advém de, ao longo de vários anos, ter percepcionado que em Portugal esta doença é quase tabu; envolvida pela vergonha de quem padece e pelo desconhecimento político da sua real dimensão e implicações, bem como das respostas existentes para o seu tratamento... Apenas pretendo abrir um espaço para a interrogação a denúncia a informação... Talvez dessa troca de ideias resulte benefício para alguém ( doente, familiar, amigo... ) como, por exemplo, a identificação do seu sofrimento, o início da compreensão e da aceitação da depressão como doença, um incentivo para a procura de mais conhecimentos, um incentivo para predir ajuda na sua cura ou na melhor qualidade de vida, ou o renovar da esperança perdida... Bem hajam! os que quiserem e não tiverem medo ou vergonhar de comentar: criticar, sugerir, informar, questionar, contar, interrogar-se, lamentar-se...