"Não sei se a falta é no corpo no espírito na matéria na alma, se é que tudo isso tenho, não é de lugar nem de pessoa nem de coisa nenhuma.
Falta que enchia de chuva de sol da labareda do lume do fumo de papoilas amoras de pão de pão… e nada me preenchia… Será de abraço colo mimo, de quem partiu, que perto existe e longe procuro, do infinito, se me quero infeliz e inconformada..."
Este sentimento de vazio acompanha provavelmente alguém nosso conhecido, ou até nosso amigo.
Será que não podemos contribuir para ajudar a preencher este vazio?...
Para uma troca de conhecimentos e experiências sobre a depressao enquanto doença tabu. Doença nova ou antiga, doença ou estado de espírito, qual a sua real dimensão, os seus efeitos, crónica ou curável, como é vista pelos outros: médicos, familiares, colegas, amigos...?
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
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Livros cuja leitura recomendo
- Sexo e Amor, de Francesco Alberoni, Bertrand Editora
- Recriar o Seu Ser, Neale Donald Walsch
- O Profeta, Khalil Gibran
- O Poder do Agora, Eckhart Tolle, Pergaminho
- O Feminino Reencontrado, de Nathalie Durel, Ariana Editora
- O Cavaleiro da Armadura Enferrujada, de Robert Fisher, Editorial Presença
- O Caminho Menos Percorrido, de M. Scott PecK, colecção xix
- As Vozes de Marraquexe, Elias Canetti
Depressão - quando como porquê...
A criação deste Blog advém de, ao longo de vários anos, ter percepcionado que em Portugal esta doença é quase tabu; envolvida pela vergonha de quem padece e pelo desconhecimento político da sua real dimensão e implicações, bem como das respostas existentes para o seu tratamento... Apenas pretendo abrir um espaço para a interrogação a denúncia a informação... Talvez dessa troca de ideias resulte benefício para alguém ( doente, familiar, amigo... ) como, por exemplo, a identificação do seu sofrimento, o início da compreensão e da aceitação da depressão como doença, um incentivo para a procura de mais conhecimentos, um incentivo para predir ajuda na sua cura ou na melhor qualidade de vida, ou o renovar da esperança perdida... Bem hajam! os que quiserem e não tiverem medo ou vergonhar de comentar: criticar, sugerir, informar, questionar, contar, interrogar-se, lamentar-se...
Hoje foi um dia estranho. Logo de manhã comecei por me comover intensamente com um sentido comentário que transmitia, numa escrita absolutamente límpida e perfeita, uma sofrida experiência, uma sensibilidade capaz de exprimir todo o sofrimento e toda a saudade vivida num difícil momento da vida. Depois vieram dizer da morte de alguém que conhecia desde a juventude, que via regularmente nas andanças pelos livros e filmes e e conferências. È doloroso, é profunda e terrivelmente doloroso ter que reconhecer que a morte vem e leva quem ainda podia percorrer uma longa estrada, saber que a inevitabilidade desse destino nos vai levando os rostos conhecidos, os momentos de uma narrativa que conhecemos, ou que presenciámos, essas encruzilhadas em que diferentes vidas se cruzaram.
ResponderEliminarO olhar da criança que ficou tinha aquele vazio, aquele desmoronar, aquela silenciosa interrogação que se lança não sei a quem, nem a quê. Aquele olhar tinha tudo o que já senti, tinha esse silencioso grito amarrado na garganta e a doer no céu-da-boca – um espigão de ferro, um corpo que se desfaz.
Agora regresso às minhas paisagens, desdobro as imagens e reconstruo-as só para reiniciar as minhas viagens de séculos, a minha imperiosa e necessária vontade de seguir por estradas e mundos e espaços. Esse mundo de silêncio a desenhar a liberdade e os horizontes – o mar, os mares, toda as guerrilhas, os trilhos das florestas, o gesto de deixar para trás não importa quem… Só a entrega a esses espaços, só essas partidas constituem a verdadeira identidade. Em todos os momentos que ficar por aqui hei-de guardar a saudade dos caminhos, de um mundo a tornar-se sempre e cada vez maior. Ainda que houvesse quem sentisse o rumor das lágrimas contidas, ainda que tivesse colhido um ou outro sorriso daqueles que são verdadeiramente cristalinos e autênticos, que nos são dados como borboletas a procurar a Primavera, sorrisos que se guardam com gestos de quem colhe flores invisíveis
M.