sábado, 15 de novembro de 2008

O caminho - querer e agir


Nesta fase da minha vida é normal que já não acredite que o Menino Jesus desce pela chaminé para dar presentes. Eu já acreditei, embora soubesse que lá em cima a chaminé era estreita, nunca me tivesse dado nada do que lhe pedi nem nada de relevo ( nunca tive assim tão pouca imaginação ou fui tão pouco interesseira e materialista que lhe fosse pedisse tostões, rebuçados pretos ou meias cinzentas... ). Bom era o sonho da noite de 24, decepcionante o acordar de 25! Não me recordo de ter ficado zangada com o Menino Jesus, que imaginava não um filho de Deus mas bebé gordinho e despido, sem maldade sem culpa. Penso que para todos a maior decepção é quando descobrimos que não é nem o Menino Jesus nem o Pai Natal que nos dão os presentes... Conheço uma criança que já sabendo disso, na noite de Natal continuou a acreditar prolongando a sua felicidade por mais alguns anos...

Também é normal que com esta idade já tivesse deixado de acreditar no Príncipe encantado, na alma gémea, no amor eterno, nos milagres... Sim de certa forma deixei, racionalmente deixei sem dúvida! O problema é que em certas matérias a nossa mente sempre que nos distraímos vai buscar estas crenças antigas para nos enganar e perpetuando vazios mágoas...

A ilusão só vale até certo limite - se só nos traz felicidade - caso contrário torna mais dolorosa a realidade em que se vive. Passar duma vida dupla de ilusão e realidade para uma vida só, é em alguns casos o caminho para sair da depressão. Se passarmos o tempo a comparar a ilusão com a realidade claro que esta perde sempre. Mas a verdade é que a primeira não existe, somos nós que a inventamos. E às vezes a realidade também não é tal qual a vemos, nós é que a carregamos de pensamentos negativos, como se tivéssemos posto uns óculos que seleccionam partes do que devemos ver, cortando o que nos podia dar uma visão global e correcta. Assim, vemos pequenas partes e formamos um puzzle errado. Vejamos um exemplo. Vemos numa jaula um coelhinho branquinho um leão e um tigre e ficamos cheios de receio pelo vida do coelho.

Cortaram-nos tudo o que apontava tratar-se dum circo, pois se tivéssemos visto por exemplo o tratador com as suas vestes brilhantes o nosso coração já aclamaria um pouco, e então se víssemos que o lindo coelhinho é manobrado por pilhas e a final quem está na jaula veste de palhaço se calhar até suspirávamos de alívio e nos predispúnhamos para uma risada...


Com isto quero dizer que a nossa mente engana-nos, é preciso estarmos muito atentos... Por outro lado depende muito de nós, da nossa mente, a forma como vemos a nossa vida. A nossa infelicidade ou felicidade depende de como vemos a realidade, a vida que temos ou vivemos depende de nós, da nossa coragem da capacidade de mudarmos a nossa maneira de pensar de agir de amar...

Dir-se-á que não basta desejar é preciso quer e agir.

E agirá sempre quem quer o suficiente?

Tenho lido, que a cura tem que se tornar na prioridade da vida do deprimido.

Nada, ninguém pode estar em primeiro lugar - NINGUÉM - nem filhos, nem pais, nem amigos nem o seu Deus, nenhum dos seus problemas.

Só quando essa consciência se instalar se pode iniciar o caminho...

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  • O Profeta, Khalil Gibran
  • O Poder do Agora, Eckhart Tolle, Pergaminho
  • O Feminino Reencontrado, de Nathalie Durel, Ariana Editora
  • O Cavaleiro da Armadura Enferrujada, de Robert Fisher, Editorial Presença
  • O Caminho Menos Percorrido, de M. Scott PecK, colecção xix
  • As Vozes de Marraquexe, Elias Canetti

Depressão - quando como porquê...

A criação deste Blog advém de, ao longo de vários anos, ter percepcionado que em Portugal esta doença é quase tabu; envolvida pela vergonha de quem padece e pelo desconhecimento político da sua real dimensão e implicações, bem como das respostas existentes para o seu tratamento... Apenas pretendo abrir um espaço para a interrogação a denúncia a informação... Talvez dessa troca de ideias resulte benefício para alguém ( doente, familiar, amigo... ) como, por exemplo, a identificação do seu sofrimento, o início da compreensão e da aceitação da depressão como doença, um incentivo para a procura de mais conhecimentos, um incentivo para predir ajuda na sua cura ou na melhor qualidade de vida, ou o renovar da esperança perdida... Bem hajam! os que quiserem e não tiverem medo ou vergonhar de comentar: criticar, sugerir, informar, questionar, contar, interrogar-se, lamentar-se...