Chamo-lhe tristeza, se é não sei
pára-me o sentir a descoberta
veda-me o olhar ao que acontece se renova e clareia
fico parada num corpo que nada quer
... a não ser sentir o que sente
a mágoa que teve, o que não foi nem será
não! não é saudade
saudade é exaltação do vivido, eternizando-o sempre
nem já tenho lágrimas, apenas este freio na boca
as mãos cravadas no ventre
as pernas cerradas sem dia nem noite
e esta máscara que me defende
dum desencontro que não entendo
pára-me o sentir a descoberta
veda-me o olhar ao que acontece se renova e clareia
fico parada num corpo que nada quer
... a não ser sentir o que sente
a mágoa que teve, o que não foi nem será
não! não é saudade
saudade é exaltação do vivido, eternizando-o sempre
nem já tenho lágrimas, apenas este freio na boca
as mãos cravadas no ventre
as pernas cerradas sem dia nem noite
e esta máscara que me defende
dum desencontro que não entendo
Cara "amiga", conheço bem este universo e tenho escrito muitas linhas parecidas, rios de sofrimento e escape. Há 20 anos que tomo antidepressivos de algum tipo, tive períodos melhores e outros piores; seria complexo enquadrar aqui uma situação pessoal, como são todas, complexas, mesmo quando parecem simples. Contudo, gostei muito de ver esta determinação na procura do conhecimento. No meu caso o pior é vontade de me isolar e o esforço que se faz para nos mantermos à tona. Poucas pessoas à minha volta sabem que sofro deste problema (distimia, depressão, melancolia...sei lá...). Pareço até uma pessoa feliz ou "normal". Trabalho, desde há tempos até sou chefia, também professor em curtas colaborações, tenho amigos, mas no amor é que é pior... Contudo...enfim. Deixo aqui duas sugestões para complemento: Darkness Visible de William Styron; Diz-me porque estás tão triste de David A. karp ed. Quadrante (traduzido em português), muito bom, além de um outro não traduzido "is it me or my meds?". bjs e tudo de bom Paulo
ResponderEliminarCaro Amigo, é sempre bom ouvir quem sofre de doença semelhante à nossa. Não é que me alegre saber que sofre, mas apenas saber que há alguém capaz de saber o que sinto. Não compreendo como há tanta vergonha tanta ignorãncia tanta descriminação com esta doença que assola cada vez mais as pessoas. Então a ignorãncia de alguns médicos é intolerável! Obrigada pelas sugestões. Enquanto tiver forças a divulgação desta doença, da sua dor e sofrimento, da sua prevenção, da necessidade de tratamento atempado, contribuir para a desmistificar são objectivos que prosseguirei... Conto consigo sempre que quiser partilhar. Nunca se sabe quando uma palavra pode mudar a vida de alguém para melhor...
ResponderEliminarInfelizmente pessoas há que pelo seu olhar critico perante a doença fazem com que se fechemos num casulo de protecção evitando assim passar a vergonha dos olhares e dos comentários alheios á nossa passagem .Trites, incompreendidos assim vamos seguindo este caminho cada vez mais inóspito.Abraço
ResponderEliminarBoa tarde amiga,
ResponderEliminarcompreendo bem o que diz. Se lhe disser que eu próprio não aceito bem este facto que é a perturbação mental em mim mesmo, já vê. A primeira dificuldade consiste exactamente nessa definição, doença, perturbação, personalidade, normal ou patológico? Se tiver diabetes, Hipotiroidismo, Asma, Cancro, etc, é possível "objectivar" a doença e dar-lhe um nome, um diagnóstico, um prognóstico; Ao contrário, não é consensual o limite comportamental e emocional das perturbações psiquiátricas e menos ainda para a maioria das pessoas que no quotidiano connosco se relacionam. Até para muitos de nós que sofremos os seus efeitos se coloca muitas vezes... sou eu que não me esforço? devia ser capaz... isto são desculpas... tenho de... etc, etc... num conflito que ajuda a ampliar o sofrimento. Sentido e previsibilidade (sensação de domínio, controle) são factores muito importantes para o doente. O meu problema de base é uma ansiedade muito grande que se traduz em factor de indisponibilidade, medos, angústia e retracção. Imagine como me tem prejudicado em ser feliz, sobretudo no amor... contudo, a luta continua como se diz na política. Com ou sem comprimidos! bjs